O Xadrez e a Hiperatividade/TDAH

Iniciaremos por meio deste post, uma série de publicações onde resumiremos artigos que tratam da importância do xadrez para seus praticantes. Boa Leitura!



O Jogo de Xadrez como Estratégia de Intervenção Pedagógica para Alunos com TDAH / Hiperatividade *

A motivação em estudar os alunos com TDAH se deve ao índice de escolares que podem apresentar este transtorno. De acordo com Dupaul e Stoner; (2007) cerca de 3% a 7% da nossa população escolar pode manifestar esse distúrbio. Diante dessa situação e como professora de Educação Física buscou-se na atividade com jogo, em especial o jogo de xadrez oportunizar o desenvolvimento das redes de atenção de uma forma lúdica e prazerosa. O aluno diagnosticado com TDAH tem o direito de um ensino diferenciado e flexibilizado, com currículos adaptados e processos avaliativos diversificados, os quais atendam as necessidades educacionais especiais singulares do educando.

Observou-se que o aluno com TDAH consegue obter maior aproveitamento quando recebe apoio, incentivo e ajuda individual; compreensão e respeito ao seu tempo de aprendizagem e suas limitações. A firmeza e o comprometimento do professor são fundamentais, bem como a utilização de técnicas e recursos adequados, evitando a exposição do aluno à situações constrangedoras. As atividades propostas pelo Caderno Pedagógico propiciaram resultados satisfatórios, pois vários professores inferiram que observaram melhora da concentração, no rendimento escolar e, principalmente, na auto-estima dos alunos (TDAH) que participaram da atividade com o jogo de xadrez.

Um dos aspectos observados quando da realização da atividade refere-se a capacidade de prontidão que os alunos com TDAH demonstraram, pois participaram das atividades e estenderam-na quando as ensinavam aos seus colegas do Ensino Regular que não participaram da atividade. Verificou-se que no momento que transmitiam o aprendizado do jogo de xadrez aos seus colegas, os alunos com TDAH demonstravam interesse e satisfação em saber algo adicional em relação aos companheiros de turma. Esse fato denota que houve elevação da estima, bem como, segurança na realização da atividade.

Um dos fatores que interfere negativamente no aprendizado do aluno é a insegurança em sua produção, esta atividade proporcionou descobrir e desenvolver os pontos fortes em cada aluno.

Realizando atividades, de forma individual e também coletiva, estabelecendo uma rotina clara, usando recursos visuais e auditivos. Adota-se atitudes positivas, como elogios para os comportamentos adequados (alunos com TDAH sempre tem sua atenção chamada para o que fazem de errado), enfatiza-se o que fazem de correto. Procura-se controlar pela proximidade, usar música para relaxar, usar proximidade física (mão no ombro, contato no olhar, toque na carteira), sempre com voz calma e firme. São usadas técnicas que envolvem a escrita, a leitura, os contos de fada e os jogos.

Os jogos, em geral, são utilizados como metodologia na Sala de Recursos. O jogo de xadrez desenvolvido com os alunos com TDAH contribuiu o tempo o todo para criação de jogadas, das mais simples às mais complexas, para se alcançar o objetivo proposto que são: capturar o adversário, proteger nossas próprias peças, atacar o Rei adversário, entre outras. Dessa forma, a prática do jogo parece potencializar o desenvolvimento de habilidades como: planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada).

Ainda desenvolve várias habilidades como atenção (indiscutível para qualquer aprendizagem, é fundamental durante o jogo, dentre outras coisas para que não cometam lances impossíveis), concentração, julgamento, planejamento, imaginação (é necessária para conseguir abstrair o sentido da representação gráfica expressa por uma determinada palavra), antecipação, memória (base de toda e qualquer aprendizagem e no xadrez é requisitada o tempo todo, desde o nível mais elementar de jogo até o mais avançado), vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, lógica matemática, criatividade, inteligência e também é um excelente meio de recreação e de formação de caráter dos adolescentes dando a possibilidade desse aluno progredir segundo seu próprio ritmo (PINTO; CAVALCANTI, 2005), o que foi observado em várias situações, quando da realização das atividades com os alunos da Sala de Recursos.

A situação apresentada vem ao encontro da legislação, a qual sinaliza para um ensino diferenciado para os alunos que encontram obstáculos, tanto acadêmicos quanto de sociabilização. Neste sentido, concorda-se com a professora participante do grupo do GTR 2008 quando esta comenta:

Sabemos que um dos maiores desafios sociais que a educação tem é a integração dos alunos com deficiências e/ou com problemas de aprendizagem e que não existe cura para esses problemas, essas dificuldades são para toda a vida. No entanto estas crianças podem progredir e aprender muito, superando muitas de suas limitações, quando há um suporte pedagógico adequado. Essa proposta com atividades de xadrez para alunos com TDAH apresenta uma sucessão de idéias e metodologias que darão subsídios para o trabalho do professor, enfatizando a aprendizagem com sucesso, do aluno como um todo, trazendo junto ao jogo do xadrez conhecimento em várias áreas, sendo que a atenção focada no jogo irá estimular o interesse pelo estudo O jogo de xadrez, segundo estudos denomina-se um esporte pedagógico, a sua prática auxilia no desenvolvimento de todas as disciplinas curriculares, melhorando assim o seu rendimento escolar e consequentemente eleve sua auto-estima, visto que o TDAH não é apenas um problema comportamental. Pode-se inferir que o jogo tem todos os elementos necessários à aprendizagem, pois ele desafia, desequilibra,descentraliza o pensamento e o comportamento. Estimula a reflexão, a criatividade, a cooperação e a reciprocidade. Jogando a criança vai organizando o mundo à sua volta, vivenciando experiências, emoções e sentimentos, descobrindo suas aptidões e possibilidades, construindo e inventando alternativas.

Aprender e praticar o jogo de xadrez potencializa o desenvolvimento de habilidades, como capacidade de antecipação, planejamento e elaboração de estratégias, proporcionando com isto uma melhora na sua capacidade de fixar sua atenção por um período mais longo e de vislumbrar um futuro. Também pudemos contar com experiências trazidas pelo grupo de GTR, as quais foram riquíssimas, visto que vários desses professores já vivenciam algumas dificuldades em suas escolas estaduais e usam o xadrez para amenizar esses problemas.

Os participantes dos Grupos puderam estabelecer relações teórico-práticas em sua área de conhecimento, visando ao enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras, reflexões e troca de idéias. Este grupo de trabalho virtual nos trouxe muitas experiências, visto que quase todos os alunos atuam com esta ferramenta pedagógica (o Jogo de Xadrez) com seus alunos. Iniciou-se com 40 alunos (professores da rede pública), de todo o Estado do Paraná, altamente comprometidos com a Educação.

O jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a aprendizagem de conceitos, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades, estimulando a curiosidade, a iniciativa e a auto confiança, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança (HUIZINGA, 1996).

O jogo é considerado uma atividade lúdica que envolve três funções:

1- Socializadora (através do jogo a criança desenvolve hábitos de convivência);

2- Psicológica (pelo jogo a criança consegue controlar seus impulsos);

3- Pedagógica (o jogo trabalha a interdisciplinaridade, a heterogeneidade e o erro de forma positiva, tornando a criança agente ativo no processo de desenvolvimento).

O jogo possibilita o “aprender-fazendo” e para ser mais bem aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da criança.

As relações cognitivas e afetivas, consequentes da interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão construindo a sociabilidade. O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores compreenderem melhor toda a sua capacidade potencial de contribuir para o desenvolvimento dos escolares.

No jogo existem as regras e depois que todos a conhecem têm as mesmas oportunidades, e aprendem a aceitá-las, pois o desafio está, justamente, em saber respeitá-las, esperar sua vez, aceitar o resultado do jogo ou de um fator de sorte que o determine, são excelentes exercícios para lidar com frustrações e, ao mesmo tempo, elevar o nível da motivação (HUIZINGA, 1996).

Para Piaget (1975) nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional.

Este tipo de jogo revela uma lógica própria da subjetividade necessária para a estruturação da personalidade humana quanto à lógica formal, advinda das estruturas cognitivas. Optou-se pelo Xadrez por uma atividade primordial por excelência, não só por atender às características de desporto, estimulando, entre outros, o espírito competitivo e autoconfiança, bem como, adequando-se às exigências da educação moderna e elevando a auto-estima da pessoa para além do xeque-mate. Por isso sugere-se a utilização do jogo de xadrez como estratégia de intervenção pedagógica para alunos que apresentam TDAH.

A atividade com o xadrez possibilita ao aluno: jogar atendendo as normas, adaptar-se a um código comum, tendo liberdade para criar iniciativas e acatar limites não violando regras (D’AGOSTINI, 2002; TIRADO; SILVA,1996).

O JOGO DE XADREZ

No xadrez, o tempo todo está se criando jogadas, das mais simples às mais complexas, para se alcançar o objetivo proposto que são: capturar o adversário, proteger nossas próprias peças, atacar o Rei adversário, entre outras. Dessa forma, a prática do jogo parece potencializar o desenvolvimento de habilidades como: planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada).

Ainda desenvolve várias habilidades como atenção (indiscutível para qualquer aprendizagem, é fundamental durante o jogo, dentre outras coisas para que não cometam lances impossíveis), concentração, julgamento, planejamento, imaginação (é necessária para conseguir abstrair o sentido da representação gráfica expressa por uma determinada palavra), antecipação, memória (base de toda e qualquer aprendizagem e no xadrez é requisitada o tempo todo, desde o nível mais elementar do jogo até o mais avançado), vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, lógica matemática, criatividade, inteligência e também é um excelente meio de recreação e de formação de caráter dos adolescentes dando a possibilidade desse aluno progredir segundo seu próprio ritmo (PINTO; CAVALCANTI, 2005). Além dessas habilidades é possível observar sua interferência nas seguintes áreas do desenvolvimento (PINTO; CAVALCANTI, 2005):

ÁREA MOTORA: Coordenação viso motora, coordenação dinâmica manual, orientação espacial.

ÁREA COGNITIVA: Memória, atenção e concentração, raciocínio, antecipação e planejamento, bem como a sua linguagem.

ÁREA AFETIVO-EMOCIONAL: Socialização.

ÁREA ACADÊMICA: Construção do número e oralidade.

É necessário envolver-se pessoalmente nos desafios, sensibilizar-se, mobilizar-se, ousar acreditar que a escola pode se renovar a cada dia e que o conhecimento pode romper com preconceitos e rótulos associados aos alunos hiperativos, garantindo a eles o desenvolvimento de suas potencialidades.

Esta pesquisa é apenas o começo do novelo que o problema do TDAH apresenta hoje nas escolas. Há muito ainda por desenrolar, pesquisar e estudar sobre o assunto na busca de melhores alternativas. Há muitas barreiras a serem transpostas.

* ELIZABETH KUCHINISKI DE FRANCISCO